sexta-feira, 5 de agosto de 2011

O Náufragio

Oh, se estas paredes pudessem falar, falava com elas até elas ruírem. Mostra-me paz na mente, mostra-me paz no coração, mostra-me tristeza, mostra-me o que tudo isso quer dizer, clarifica os meus sentidos por ti. Para viver uma vida tão afundada, onde só existe ar sem luz, é muito cedo para ver e muito parte para desistir da vida. A minha vida é um barco que naufraga e onde todos os meus pensamentos dentro de garrafas vão ter aos teus pés, numa ilha no paraíso. Acorda. Vou-te procurar. Num sítio destes, onde ou respiras ou morres, que desperdício, abandonaste o meu coração. Tenho buracos no coração, tal como tenho no fígado, bebo para te esquecer e não sonhar acordado contigo. Consigo encher o copo de novo, mas não consigo encher o meu coração de sonhos, porque eles saem pelos buracos. Nunca o vencedor, sempre o estranho que vagueia, perdido e sem rumo. Odeias-me, tal como muitos odeiam, é por isso que só tenho as paredes do meu pensamento a impedir que me torne numa ruína do esquecimento. Nunca apago o fogo que meto, mas espero que ele apague por si mesmo. Gostava de ser como o fogo, sim, nascer quente, viver ardendo e morrer em brasa. É tempo de dizer "adeus", porque já não existem "olá"'s. Deita-me fogo, deixa queimar, e muda a página, porque nada sou a não ser um capítulo, uma pequena parte de uma grande história. Consigo ver o teu penso, sei que estás magoada, rezo para que tenhas forças e não te deixes cair, mas são muitos demónios em tua volta, a puxar-te a perna. Eu compreendo, talvez. Mando-te esta mensagem, mensagem numa garrafa feita de vidro frágil, a corrente vai ajudar-me desta vez a que a recebas. Sabes, o vento é forte, tento-me levantar, e ele não me deixa, deita-me à água, e a corrente leva-me, porque quando não existe nada a que nos agarrar, mais vale não nadar, e deixar-me ir. Pode ser que um dia vá cair aos teus braços, ou tu aos meus.

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